Em Gorgán vivia um sábio afamado, que tinha na sua casa uma gata de quem gostava muito. Andava livremente pela casa, limitando-se a comer apenas o que lhe davam.
Um dia, foi à cozinha e furtou um pedaço de peixe da panela. O cozinheiro do sábio apercebeu-se e deu-lhe umas palmadas.
A gata, entristecida, aninhou-se num canto da sala, demonstrando descontentamento. O sábio, apercebendo-se, cuidou de questionar o cozinheiro, que lhe narrou o ocorrido.
Face a tal facto, o sábio chamou a gata e questionou-a:
- O que é que te levou a cometer tal acção?
A gata saiu da sala e por três vezes retornou, trazendo todos os seus filhos recém-nascidos. Colocou-os aos pés do sábio, e foi refugiar-se numa árvore, abrindo os olhos bem grandes e guardando silêncio absoluto.
O sábio disse aos que o rodeavam:
- O delito desta gata é perdoável. Não o cometeu a pensar em si, antes nos seus filhos. A sua conduta nada tem de reprovável, pois o amor materno é algo tão prodigioso como o amor de Alá pelas criaturas. Enquanto não temos filhos, não estamos em condições de compreender tal solicitude. Este animal deve ter sofrido muito, peça-lhe pois perdão.
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