HISTÓRIAS DE ESPIRITUALIDADE

HISTÓRIAS DE ESPIRITUALIDADE
A SABEDORIA DOS MESTRES

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O REMÉDIO PARA A MORTE - GOTAMI E BUDA



Gotami era seu nome, mas por se cansar com muita facilidade, chamavam-lhe Kisa Gotami ou Gotama, a Frágil. Havia nascido em Savathi no meio da pobreza. Cresceu, contraiu matrimónio e foi morar com o marido.
Por ser de ascendência pobre, era tratada com desrespeito. No entanto, deu à luz um filho e a partir daí foi tratada respeitosamente. A criança faleceu quando já corria e brincava.
Um sofrimento atroz apossou-se da jovem mãe, que pensava: “Desde que o meu filho nasceu, eu, a quem todas as honras haviam sido recusadas nesta família, passei a ser respeitada. Agora, estou certa, irão querer tirar-me o filho”.
Com o filho morto ao colo, vagueou de porta em porta, pedindo um remédio. Algumas das pessoas, troçavam dela; uma mulher buscava incessantemente um remédio que curasse a morte.
Um sábio, tendo-a visto, pensou que o seu sofrimento lhe causara a perda da razão, e disse-lhe compassivamente:
- Mulher, ninguém para além do Sábio das Dez Forças, ser supremo no mundo dos homens, conhece o medicamento para que possas curar o teu filho. Vive num mosteiro aqui perto. Vai lá e pede que to dê.
A mulher dirigiu-se ao mosteiro onde encontrou o Senhor Buda, e disse:
- Senhor dá-me um remédio para que cure o meu filho.
Buda entendeu de imediato, que aquela mulher simples e ignorante poderia ser convertida. Então, disse-lhe:
- Dá a volta a toda a cidade, começando pelo princípio, e logo que encontres uma casa onde ninguém tenha morrido, traz-me dessa casa algumas sementes de mostarda.
Gotami correu a cidade inteira com o filho morto nos braços. Em todas as casas se prontificaram a dar-lhe as sementes de mostarda, mas quando perguntava se ali alguém havia morrido, todos respondiam:
- Gotami, nem pensar, aqui muitos morreram.
“É assim em toda a cidade, em todas as cidades, países. Buda com a sua compaixão demonstrou-mo”, pensou.
Saiu de imediato da cidade e conduziu o filho para a pilha crematória, dizendo:
- Filhinho pensei que apenas tu tinhas sido atingido pela morte, mas afinal, é uma lei comum para todos nós, em todos os lugares.

Depois de colocar o filho na pira, compôs os seguintes versos:

“Não é lei de aldeia nem de cidade,
Nem lei de uma única casa:
É a lei do mundo e dos mundos dos deuses
Que todas as coisas sejam impermanentes.”





Sem comentários:

Enviar um comentário